Pressupõe um espaço delicado e de urgência na construção de recursos para a criança constituir-se como sujeito, com seus sintomas e sua estrutura psíquica. Trabalha-se com a criança que tem sinais de riscos psíquicos e entraves estruturais (psicose, autismo), no caso a caso, para que esta faça aberturas ou fundações nas operações de alienação e separação e nas questões edípicas.
Durante o tratamento, há muitos momentos de escuta com os pais, ora junto com a criança, ora separadamente. Os encontros pressupõem que este ainda seja um tempo em que a estruturação psíquica esteja indefinida - embora ainda seja um tempo de ser criança pequena, não é mais um bebê. O brincar simbólico, construído a partir da criança, de seus tempos na sua estruturação psíquica, aparatos neurológicos e cognitivos, enigmas e leituras do caso, abrem formas de interpretação de suas experiências, dificuldades, sofrimentos e modos de desenhar, brincar, jogar e dramatizar. São construídas para deslocar e abrir novos caminhos relativos aos entraves ou sintomas apresentados pela criança em sua subjetividade.
É uma forma de trabalho que tem como alvo sujeitos ainda em processo de desenvolvimento e constituição psíquica. A partir de uma leitura singular de cada caso e de ferramentas clínicas como o brincar, os desenhos, os jogos e as dramatizações, abrem-se possibilidades de interpretação das experiências e das dificuldades da criança que chega para atendimento. A partir daí, é possível que o pequeno paciente opere movimentos de alienação e separação, criando novos caminhos rumo a construção de um lugar próprio de enunciação.
A psicanálise com crianças se dá, sobretudo, a partir do brincar estruturante. Nele, é possível que a criança recrie de forma ativa aquilo que se passa internamente. Dessa forma, sua história, seus sentimentos, suas percepções, angústias e sofrimentos são externalizados e, a partir da escuta atenta do analista, podem ser trabalhados e elaborados. Na psicanálise com crianças também é fundamental a participação dos pais ou cuidadores, uma vez que eles se encontram implicados nos sintomas dos filhos e que a escuta desses adultos auxilia o psicanalista a conjecturar acerca das fantasmáticas que giram em torno do contexto familiar da criança.
Destina-se a crianças que apresentam entraves em suas estruturações psíquicas ou sintomas clínicos que possam vir a repercutir em seus processos de desenvolvimento e nas suas relações com o outro.